Cap. 1- A visão de Cristo glorificado
Por: Magali Fernandes
O cap 1 de Apocalipse abrange a Parte I da tríplice divisão geral do livro, vista em 1.19, a saber, “as coisas que viste” concernentes ao Senhor Jesus Cristo como está agora na Glória, em relação à sua Igreja.
O ponto central deste capítulo é, pois, a visão de Cristo concedida a João, o escritor e descrita nos versículos 9-20.
Nesta visão sobre a pessoa de Cristo, está o texto-chave do livro todo, 1.7: “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos os traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre Ele. Certamente. Amém.”
Versículo 1-3 “Revelação de Jesus Cristo” (v.1). O termo “revelação” significa literalmente no original retirar, remover completamente, descerrar, tirar fora. O termo vem de duas palavras originais:
a preposição “apo”, com o sentido de afastado, distante, e
o substantivo “kálupsis, significando remoção, retirada, revelação, descobrimento; “para mostrar aos seus servos”.
Quem é “servo” do Senhor poderá entender o livro. “As coisas que brevemente devem acontecer” (v.1). São eventos inevitáveis. Estão decretados por Deus. “seu anjo” (v.1). De Jesus (Ver 22.16)
A autenticidade do livro (v.2) está baseada em três testemunhos: a Palavra de Deus, o Senhor Jesus Cristo, e o apóstolo João. Dois do Céu, e um da Terra.
As bem-aventuranças do livro (v.3). “Bem-aventurados aqueles que lêem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está próximo”.
Três bem-aventuranças declaradas no livro:
A - para os que lêem,
B - para os que ouvem,
C - e para o que guardam;
tudo em relação ao próprio livro.
Há sete bem-aventuranças em Apocalipse:
1) “Bem-aventurados aqueles que lêem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas que estão escritas”. (1.3);
2) “bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor” (14.13);
3) “bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes” (16.15);
4) “bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro” (19.9);
5) “bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição” (20.6);
6) “bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro” (22.7);
7) “bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras” (22.14).
“Bem-aventurados aqueles que... guardam as coisas nela escritas” (v.3).
Há sete vezes no livro a expressão “os que guardam”, ou similar, denotando a necessidade de obediência da nossa parte aos preceitos divinos. As sete vezes são:
1) “e guardam as coisas nelas escritas” (1.3);
2) “ao que guardar até o fim as minhas obras” (2.26);
3) “guardaste a minha palavra” (3.10);
4) “porque guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação” (3.10);
5) “os que guardam os mandamentos de Deus e sustentam o testemunho de Jesus” (12.17);
6) “os que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus” (14.12);
7) “e dos que guardam as palavras deste livro” (22.9). “pois o tempo está próximo” (v.3). Se tudo estava tão próximo no tempo de João, que diremos nós hoje?
Versículos 4-8. A saudação vida do Céu (vv. 4,5) é tríplice, indicando ao mesmo tempo a Trindade Santa:
1) “da parte daquele que é, que era e que há de vir”;
2) “da parte dos sete Espíritos que se acham diante do seu trono”;
3) “e da parte de Jesus Cristo, a fiel testemunha”.
“João, às sete igrejas que se encontram na Ásia” (v.4). Essas sete igrejas são discriminadas no versículo 11, a saber: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia. Devemos evitar aqui um mal-entendido. Ásia, no versículo 4, não é o atual continente asiático, nem tampouco a chamada Ásia Menor, mas a então província romana da Ásia, situada onde fica hoje a Turquia ocidental. Essa província tinha por capital a grande cidade de Éfeso.
Por que “sete igrejas” e por que as sete aqui escolhidas, se havia muitas outras na região? É porque elas representavam períodos da história da Igreja, do seu início até o fim, e porque essas apresentavam condições espirituais da Igreja através dos séculos.
“Graça e paz a vós outros” (v.4). Graça e paz de Deus são duas coisas imprescindíveis ao cristão. Um cristão sem a graça e sem a paz de Deus estará sem os elementos básicos para viver a vida cristã. A paz do Céu é tão importante que Jesus a legou aos seus, antes de regressar ao Céu (Jo 14.27).
“Da parte dos sete Espíritos que se acham diante do seu trono” (v.4). A mesma expressão encontra-se em 3.1; 4.5, e 5.6 do mesmo livro. Significa o Espírito Santo na sua plenitude de operações e ministérios, especialmente comunicando vida e santidade. (Meditar nos seus sete títulos mencionados em Isaías 11.2: “O Espírito do Senhor, o Espírito de sabedoria e de entendimento, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de temor do Senhor”.)
“Aquele que nos ama, e pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados” (1.5).
O louvor a Jesus Cristo (1.5). Como profeta é “a fiel testemunha”; como sacerdote, é “o primogênito dos mortos”. Em Hebreus 7.25 está escrito que Ele vive sempre para interceder por nós; isto fala do seu ministério sacerdotal após ressuscitar dentre os mortos. Como Rei, é “o soberano dos reis da terra”.
A proclamação da mensagem da volta de Jesus (1.7,8). “todo o olho o verá” (v. 7). Os que acham isso impossível não crêem no Deus todo-poderoso que pode todas as coisas. A aparição do Senhor às nações da terra será precedida do seu sinal: “Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu com poder e muita glória” (Ler Lucas 17.24) “até quantos o traspassaram” (1.7), isto é, seus irmãos segundo a carne, os judeus.
“Sim. Amém” (1.7) A primeira palavra é de origem grega (“nai”, no original). A segunda é de origem hebraica (“amen”). Isto indica que Jesus virá para gentios e judeus. Não há aqui uma palavra denotativa para a Igreja. Porque esta já estará com o Senhor quando essas coisas do Apocalipse acontecerem. “Amém” é um dos seus títulos (3.14).
“Alfa e Ômega” (1.8). Alfa e ômega são a primeira e a última letras do alfabeto grego. A expressão aparece também em 21.6 e 22.13. explicação do seu significado como é aqui usado está em apocalipse 22.13.
O profeta proclamador da mensagem de Deus – João (1.9,10). O local onde estava o profeta era a ilha de Patmos, desolada e rochosa, situada no mar Arquipélago, ao largo da costa da Turquia, atualmente. A espiritualidade do profeta se vê na expressão: “Achei-me em espírito, no dia do Senhor” (v.10). A precisa “Tradução Brasileira”, neste ponto, como quase sempre, traduz melhor: “Fui arrebatado pelo Espírito no dia do Senhor”. O contexto do livro todo do Apocalipse deixa claro que João pelo poder do Espírito Santo foi arrebatado a outras regiões terrenas e extraterrenas, onde lhe foram reveladas profundas realidades espirituais, bem como eventos futuros.
Quatro vezes João declara que se encontrou nesse estado: 1.10; 4.2; 17.3; e 21.10. Em cada vez que aparece essa expressão ele encontra-se em lugar diferente. Em 1.10 ele estava em Patmos: “eu estava na ilha de Patmos”. No segundo caso (4.2) João estava no Céu: “e eis armado no céu um trono”. No terceiro caso (17.3), ele estava num deserto na terra: “transportou-me o anjo, em espírito, a um deserto”. Finalmente, no quarto caso (21.10), ele foi levado a uma alta montanha de onde contemplou a santa cidade de Jerusalém celeste: “e me transportou, em espírito, até a uma grande e elevada montanha”.
“no dia do Senhor” (1.10). João Crisóstomo (354-407 d.C.) diz que esse dia era assim chamado porque nele o Senhor ressurgiu dentre os mortos. Os líderes cristãos dos séculos posteriores. Distinguem entre o sábado judaico e o dia do Senhor.
A maravilhosa visão de Cristo glorificado (1.12-16). Essa visão era necessária a João nessa ocasião, por muitas razões. Uma delas era devido à feroz perseguição que assolava então a igreja. Movida pelos imperadores romanos: Pedro fora crucificado; Paulo, decapitado, e milhares de outros, martirizados. Outra razão era o degredo em que João se achava, longe da família, dos irmãos e da sua igreja em Éfeso. Esta visão de Cristo mostrando como está Ele atualmente na glória foi de grande conforto para João. João certamente ficou reconfortado espiritualmente perante tão sublime visão. Isaías, mesmo presenciando a derrocada do seu povo, teve visão semelhante e nunca mais foi o mesmo.
“Voltei-me para ver quem falava comigo” (1.12). De costas para o sol podemos ver a nossa própria sombra. Quando voltamos a nossa frente a ele, as sombras vão para trás...
“Vi sete candeeiros de ouro” (1.12). O versículo 20 explica que estes candeeiros representavam as sete igrejas de que trata o capítulo 2. Esses castiçais são feitos para alumiar. Esta visão nos mostra que o mundo todo está em trevas. A Igreja foi construída para ser a luz do mundo. Os candeeiros eram de ouro, indicando assim sua origem e relacionamento com o Céu. Não importa se o que alumia aqui é bonito aos olhos dos homens, importa e está funcionando bem, emitindo sua luz; importa Jesus no meio deles; “e no meio dos candeeiros, um semelhante a filho de homem...” (v.13).
No versículo 12 aparece pela terceira vez o número sete, que predomina admiravelmente no livro de Apocalipse: 54 vezes!
“um semelhante a filho de homem” (Ap 1.13). Assim Jesus ascendeu ao Céu, sendo visto deste modo por seus discípulos: “Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos; como vedes que eu tenho. Dizendo isto, mostrou-lhes as mãos e os pés” (Lc 24.39,40).
Assim também foi visto por Estevão no Céu: “E disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem em pé à destra de Deus” (At 7.56).
Paulo o declara assim, na época das epístolas: “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1 Tm 2.5).
E como homem divino e perfeito Ele voltará: “Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu, assim virá do modo como o viste subir” (At 1.11).
O profeta Daniel o viu vir deste modo: “E eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do homem...” (Dn 7.13).
Jesus mesmo declarou que virá assim: “Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu com poder e muita glória” (Mt 24.30).
Portanto, a nossa felicidade é que temos um homem divino no Céu, a nosso favor: “Porque Cristo não entrou em santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para comparecer, agora por nós, diante de Deus” (Hb 9.24).
O tipo de vestes e o cinto de ouro mencionados neste versículo falam de Cristo como nosso sumo sacerdote, atualmente perante a face de Deus. (Ler Hb 4.14-16)
Nos versículos 14-16 temos um quadro de Jesus não mais como sacerdote, mas como juiz: “A sua cabeça e cabelos eram brancos como alva lã, como neve” (v.14). Isso fala de honra e pureza, à luz de Provérbios 16.31 e Marcos 9.3. “os olhos, como chama de fogo” (v.14) – perscrutação; introspecção; onisciência. “os pés semelhantes ao bronze polido” (v.15). É sob esses pés que ficarão todos os seus inimigos quando e Ele vier (1 Co 15.25). São esses pés, que uma vez sangraram sob os cravos na cruz; são os mesmos que, quando Ele voltar em glória, tocarão o monte das Oliveiras, e nesse momento o monte se fenderá em dois (Zc 14.4). “a voz como voz de muitas águas (v.15). E os que aqui não gostam de altos louvores e de oração coletiva e volumosa, quando o povo de Deus se reúne, como poderão viver ali? Não estamos falando de barulho oco, sem a vida do Espírito e sem mensagem da Palavra de Deus nem no mode de canta r e orar que se observa em muitos lugares “Tinha na sua mão direita sete estrelas” (v.16).
“e da boca saía-lhe uma afiada espada de dois gumes” (v.16). Isto está explicado em Hebreus 4.12 combinado com João 12.48. “O seu rosto brilhava como o sol na sua força” (v.16). Isto fala dele na sua vinda para Israel e as nações. Para a igreja Ele virá como a resplandecente estrela da manhã. Veja este título de Cristo ligado às igrejas em 22.16.
Em resumo, vemos que as igrejas locais são candeeiros, os ministros são estrelas, mas só Cristo é o Solo.
O efeito da visão de Cristo glorificado (1.17,18). “Quando o vi” (v.17). O mesmo João vira o mesmo Jesus muitos anos antes. Naquele dia, junto à cruz, o rosto do Salvador estava desfigurado por tanta agressão física de seus algozes, e sua cabeça levava uma coroa de zombaria. Seu corpo estava cheio de dores causadas pelas lacerações dos açoites romanos. João vira naquele dia seu rosto inerte, sem vida, pendido na cruz. Agora via-o glorioso, triunfante, reluzente como o sol quando brilha na sua força. Aleluia”.
“caí a seus pés” (v.17). Cair aos pés de Jesus é levantar-se transformado e vitorioso. Junto a esses santos pés, que uma vez foram traspassados e sangraram por nós, há poder e graça para suprir todas as nossas necessidades.
“caí a seus pés como morto”. Se João, que era o discípulo amado” do Senhor, que pertencia ao seu grupo íntimo, caiu como morto ante a majestosa visão de Cristo glorificado.
“Ele pôs sobre mim a sua mão direita, dizendo...” (v.17). Aqui vemos a mão de Cristo e a palavra de Cristo sobre um de seus servos. Esse toque e essa fala do Senhor foram uma sublime maneira de ele dizer a João: “Estou contigo, não temas!” São coisas inestimavelmente valiosas para um servo de Deus: o toque da sua mão e palavra da sua boca.
“tenho as chaves da morte e do inferno” (v.18). Mas a chave do reino dos céus Ele a entregou aos seus (Mt 16.19).
Chaves representam domínio, controle, autoridade.
O termo “inferno” neste versículo é a tradução do termo grego “Hades”, que é o inferno-prisão dos ímpios mortos durante o seu estado intermediário, isto é, entre a sua morte e ressurreição.
Há sete termos nas línguas originais traduzidos por “inferno” e “sepultura” nas bíblias de língua portuguesa. Estes termos são “Seol”, “Hades”, “Abussos”, “Abadon”, “Tártarus”, “Geena”, “Tofete”.
Em resumo, vejamos três resultados que devem ocorrer em nós quando estamos no Espírito:
1) quando estamos no Espírito ouvimos algo do Céu: “ouvi”, diz o versículo 10;
2) quando estamos no Espírito vemos algo do Céu: “vi”, diz o versículo 12;
3) quando estamos no Espírito humilhamo-nos: “caí a seus pés como morto”, diz o versículo 17.
Por: Magali Fernandes
O cap 1 de Apocalipse abrange a Parte I da tríplice divisão geral do livro, vista em 1.19, a saber, “as coisas que viste” concernentes ao Senhor Jesus Cristo como está agora na Glória, em relação à sua Igreja.
O ponto central deste capítulo é, pois, a visão de Cristo concedida a João, o escritor e descrita nos versículos 9-20.
Nesta visão sobre a pessoa de Cristo, está o texto-chave do livro todo, 1.7: “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos os traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre Ele. Certamente. Amém.”
Versículo 1-3 “Revelação de Jesus Cristo” (v.1). O termo “revelação” significa literalmente no original retirar, remover completamente, descerrar, tirar fora. O termo vem de duas palavras originais:
a preposição “apo”, com o sentido de afastado, distante, e
o substantivo “kálupsis, significando remoção, retirada, revelação, descobrimento; “para mostrar aos seus servos”.
Quem é “servo” do Senhor poderá entender o livro. “As coisas que brevemente devem acontecer” (v.1). São eventos inevitáveis. Estão decretados por Deus. “seu anjo” (v.1). De Jesus (Ver 22.16)
A autenticidade do livro (v.2) está baseada em três testemunhos: a Palavra de Deus, o Senhor Jesus Cristo, e o apóstolo João. Dois do Céu, e um da Terra.
As bem-aventuranças do livro (v.3). “Bem-aventurados aqueles que lêem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está próximo”.
Três bem-aventuranças declaradas no livro:
A - para os que lêem,
B - para os que ouvem,
C - e para o que guardam;
tudo em relação ao próprio livro.
Há sete bem-aventuranças em Apocalipse:
1) “Bem-aventurados aqueles que lêem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas que estão escritas”. (1.3);
2) “bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor” (14.13);
3) “bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes” (16.15);
4) “bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro” (19.9);
5) “bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição” (20.6);
6) “bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro” (22.7);
7) “bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras” (22.14).
“Bem-aventurados aqueles que... guardam as coisas nela escritas” (v.3).
Há sete vezes no livro a expressão “os que guardam”, ou similar, denotando a necessidade de obediência da nossa parte aos preceitos divinos. As sete vezes são:
1) “e guardam as coisas nelas escritas” (1.3);
2) “ao que guardar até o fim as minhas obras” (2.26);
3) “guardaste a minha palavra” (3.10);
4) “porque guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação” (3.10);
5) “os que guardam os mandamentos de Deus e sustentam o testemunho de Jesus” (12.17);
6) “os que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus” (14.12);
7) “e dos que guardam as palavras deste livro” (22.9). “pois o tempo está próximo” (v.3). Se tudo estava tão próximo no tempo de João, que diremos nós hoje?
Versículos 4-8. A saudação vida do Céu (vv. 4,5) é tríplice, indicando ao mesmo tempo a Trindade Santa:
1) “da parte daquele que é, que era e que há de vir”;
2) “da parte dos sete Espíritos que se acham diante do seu trono”;
3) “e da parte de Jesus Cristo, a fiel testemunha”.
“João, às sete igrejas que se encontram na Ásia” (v.4). Essas sete igrejas são discriminadas no versículo 11, a saber: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia. Devemos evitar aqui um mal-entendido. Ásia, no versículo 4, não é o atual continente asiático, nem tampouco a chamada Ásia Menor, mas a então província romana da Ásia, situada onde fica hoje a Turquia ocidental. Essa província tinha por capital a grande cidade de Éfeso.
Por que “sete igrejas” e por que as sete aqui escolhidas, se havia muitas outras na região? É porque elas representavam períodos da história da Igreja, do seu início até o fim, e porque essas apresentavam condições espirituais da Igreja através dos séculos.
“Graça e paz a vós outros” (v.4). Graça e paz de Deus são duas coisas imprescindíveis ao cristão. Um cristão sem a graça e sem a paz de Deus estará sem os elementos básicos para viver a vida cristã. A paz do Céu é tão importante que Jesus a legou aos seus, antes de regressar ao Céu (Jo 14.27).
“Da parte dos sete Espíritos que se acham diante do seu trono” (v.4). A mesma expressão encontra-se em 3.1; 4.5, e 5.6 do mesmo livro. Significa o Espírito Santo na sua plenitude de operações e ministérios, especialmente comunicando vida e santidade. (Meditar nos seus sete títulos mencionados em Isaías 11.2: “O Espírito do Senhor, o Espírito de sabedoria e de entendimento, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de temor do Senhor”.)
“Aquele que nos ama, e pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados” (1.5).
O louvor a Jesus Cristo (1.5). Como profeta é “a fiel testemunha”; como sacerdote, é “o primogênito dos mortos”. Em Hebreus 7.25 está escrito que Ele vive sempre para interceder por nós; isto fala do seu ministério sacerdotal após ressuscitar dentre os mortos. Como Rei, é “o soberano dos reis da terra”.
A proclamação da mensagem da volta de Jesus (1.7,8). “todo o olho o verá” (v. 7). Os que acham isso impossível não crêem no Deus todo-poderoso que pode todas as coisas. A aparição do Senhor às nações da terra será precedida do seu sinal: “Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu com poder e muita glória” (Ler Lucas 17.24) “até quantos o traspassaram” (1.7), isto é, seus irmãos segundo a carne, os judeus.
“Sim. Amém” (1.7) A primeira palavra é de origem grega (“nai”, no original). A segunda é de origem hebraica (“amen”). Isto indica que Jesus virá para gentios e judeus. Não há aqui uma palavra denotativa para a Igreja. Porque esta já estará com o Senhor quando essas coisas do Apocalipse acontecerem. “Amém” é um dos seus títulos (3.14).
“Alfa e Ômega” (1.8). Alfa e ômega são a primeira e a última letras do alfabeto grego. A expressão aparece também em 21.6 e 22.13. explicação do seu significado como é aqui usado está em apocalipse 22.13.
O profeta proclamador da mensagem de Deus – João (1.9,10). O local onde estava o profeta era a ilha de Patmos, desolada e rochosa, situada no mar Arquipélago, ao largo da costa da Turquia, atualmente. A espiritualidade do profeta se vê na expressão: “Achei-me em espírito, no dia do Senhor” (v.10). A precisa “Tradução Brasileira”, neste ponto, como quase sempre, traduz melhor: “Fui arrebatado pelo Espírito no dia do Senhor”. O contexto do livro todo do Apocalipse deixa claro que João pelo poder do Espírito Santo foi arrebatado a outras regiões terrenas e extraterrenas, onde lhe foram reveladas profundas realidades espirituais, bem como eventos futuros.
Quatro vezes João declara que se encontrou nesse estado: 1.10; 4.2; 17.3; e 21.10. Em cada vez que aparece essa expressão ele encontra-se em lugar diferente. Em 1.10 ele estava em Patmos: “eu estava na ilha de Patmos”. No segundo caso (4.2) João estava no Céu: “e eis armado no céu um trono”. No terceiro caso (17.3), ele estava num deserto na terra: “transportou-me o anjo, em espírito, a um deserto”. Finalmente, no quarto caso (21.10), ele foi levado a uma alta montanha de onde contemplou a santa cidade de Jerusalém celeste: “e me transportou, em espírito, até a uma grande e elevada montanha”.
“no dia do Senhor” (1.10). João Crisóstomo (354-407 d.C.) diz que esse dia era assim chamado porque nele o Senhor ressurgiu dentre os mortos. Os líderes cristãos dos séculos posteriores. Distinguem entre o sábado judaico e o dia do Senhor.
A maravilhosa visão de Cristo glorificado (1.12-16). Essa visão era necessária a João nessa ocasião, por muitas razões. Uma delas era devido à feroz perseguição que assolava então a igreja. Movida pelos imperadores romanos: Pedro fora crucificado; Paulo, decapitado, e milhares de outros, martirizados. Outra razão era o degredo em que João se achava, longe da família, dos irmãos e da sua igreja em Éfeso. Esta visão de Cristo mostrando como está Ele atualmente na glória foi de grande conforto para João. João certamente ficou reconfortado espiritualmente perante tão sublime visão. Isaías, mesmo presenciando a derrocada do seu povo, teve visão semelhante e nunca mais foi o mesmo.
“Voltei-me para ver quem falava comigo” (1.12). De costas para o sol podemos ver a nossa própria sombra. Quando voltamos a nossa frente a ele, as sombras vão para trás...
“Vi sete candeeiros de ouro” (1.12). O versículo 20 explica que estes candeeiros representavam as sete igrejas de que trata o capítulo 2. Esses castiçais são feitos para alumiar. Esta visão nos mostra que o mundo todo está em trevas. A Igreja foi construída para ser a luz do mundo. Os candeeiros eram de ouro, indicando assim sua origem e relacionamento com o Céu. Não importa se o que alumia aqui é bonito aos olhos dos homens, importa e está funcionando bem, emitindo sua luz; importa Jesus no meio deles; “e no meio dos candeeiros, um semelhante a filho de homem...” (v.13).
No versículo 12 aparece pela terceira vez o número sete, que predomina admiravelmente no livro de Apocalipse: 54 vezes!
“um semelhante a filho de homem” (Ap 1.13). Assim Jesus ascendeu ao Céu, sendo visto deste modo por seus discípulos: “Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos; como vedes que eu tenho. Dizendo isto, mostrou-lhes as mãos e os pés” (Lc 24.39,40).
Assim também foi visto por Estevão no Céu: “E disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem em pé à destra de Deus” (At 7.56).
Paulo o declara assim, na época das epístolas: “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1 Tm 2.5).
E como homem divino e perfeito Ele voltará: “Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu, assim virá do modo como o viste subir” (At 1.11).
O profeta Daniel o viu vir deste modo: “E eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do homem...” (Dn 7.13).
Jesus mesmo declarou que virá assim: “Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu com poder e muita glória” (Mt 24.30).
Portanto, a nossa felicidade é que temos um homem divino no Céu, a nosso favor: “Porque Cristo não entrou em santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para comparecer, agora por nós, diante de Deus” (Hb 9.24).
O tipo de vestes e o cinto de ouro mencionados neste versículo falam de Cristo como nosso sumo sacerdote, atualmente perante a face de Deus. (Ler Hb 4.14-16)
Nos versículos 14-16 temos um quadro de Jesus não mais como sacerdote, mas como juiz: “A sua cabeça e cabelos eram brancos como alva lã, como neve” (v.14). Isso fala de honra e pureza, à luz de Provérbios 16.31 e Marcos 9.3. “os olhos, como chama de fogo” (v.14) – perscrutação; introspecção; onisciência. “os pés semelhantes ao bronze polido” (v.15). É sob esses pés que ficarão todos os seus inimigos quando e Ele vier (1 Co 15.25). São esses pés, que uma vez sangraram sob os cravos na cruz; são os mesmos que, quando Ele voltar em glória, tocarão o monte das Oliveiras, e nesse momento o monte se fenderá em dois (Zc 14.4). “a voz como voz de muitas águas (v.15). E os que aqui não gostam de altos louvores e de oração coletiva e volumosa, quando o povo de Deus se reúne, como poderão viver ali? Não estamos falando de barulho oco, sem a vida do Espírito e sem mensagem da Palavra de Deus nem no mode de canta r e orar que se observa em muitos lugares “Tinha na sua mão direita sete estrelas” (v.16).
“e da boca saía-lhe uma afiada espada de dois gumes” (v.16). Isto está explicado em Hebreus 4.12 combinado com João 12.48. “O seu rosto brilhava como o sol na sua força” (v.16). Isto fala dele na sua vinda para Israel e as nações. Para a igreja Ele virá como a resplandecente estrela da manhã. Veja este título de Cristo ligado às igrejas em 22.16.
Em resumo, vemos que as igrejas locais são candeeiros, os ministros são estrelas, mas só Cristo é o Solo.
O efeito da visão de Cristo glorificado (1.17,18). “Quando o vi” (v.17). O mesmo João vira o mesmo Jesus muitos anos antes. Naquele dia, junto à cruz, o rosto do Salvador estava desfigurado por tanta agressão física de seus algozes, e sua cabeça levava uma coroa de zombaria. Seu corpo estava cheio de dores causadas pelas lacerações dos açoites romanos. João vira naquele dia seu rosto inerte, sem vida, pendido na cruz. Agora via-o glorioso, triunfante, reluzente como o sol quando brilha na sua força. Aleluia”.
“caí a seus pés” (v.17). Cair aos pés de Jesus é levantar-se transformado e vitorioso. Junto a esses santos pés, que uma vez foram traspassados e sangraram por nós, há poder e graça para suprir todas as nossas necessidades.
“caí a seus pés como morto”. Se João, que era o discípulo amado” do Senhor, que pertencia ao seu grupo íntimo, caiu como morto ante a majestosa visão de Cristo glorificado.
“Ele pôs sobre mim a sua mão direita, dizendo...” (v.17). Aqui vemos a mão de Cristo e a palavra de Cristo sobre um de seus servos. Esse toque e essa fala do Senhor foram uma sublime maneira de ele dizer a João: “Estou contigo, não temas!” São coisas inestimavelmente valiosas para um servo de Deus: o toque da sua mão e palavra da sua boca.
“tenho as chaves da morte e do inferno” (v.18). Mas a chave do reino dos céus Ele a entregou aos seus (Mt 16.19).
Chaves representam domínio, controle, autoridade.
O termo “inferno” neste versículo é a tradução do termo grego “Hades”, que é o inferno-prisão dos ímpios mortos durante o seu estado intermediário, isto é, entre a sua morte e ressurreição.
Há sete termos nas línguas originais traduzidos por “inferno” e “sepultura” nas bíblias de língua portuguesa. Estes termos são “Seol”, “Hades”, “Abussos”, “Abadon”, “Tártarus”, “Geena”, “Tofete”.
Em resumo, vejamos três resultados que devem ocorrer em nós quando estamos no Espírito:
1) quando estamos no Espírito ouvimos algo do Céu: “ouvi”, diz o versículo 10;
2) quando estamos no Espírito vemos algo do Céu: “vi”, diz o versículo 12;
3) quando estamos no Espírito humilhamo-nos: “caí a seus pés como morto”, diz o versículo 17.